Certa rapidez



 Velocidade de transmissão de um ponto ao outro do mundo.” Anne Cauquelin.



A imagem na contemporaneidade é propagada através de infindáveis REDES, tais como aplicativos e métodos. Estes, por sua vez, nos tornam REFÉNS desse mundo rápido chamado de COMUNICAÇÃO. A rede está inserida na circulação de informações, consequentemente ela é cada vez mais BREVE E RÁPIDA.
A FOTOGRAFIA na região do Cariri está inserida neste contexto, onde os atributos que alimentam os encontros são os fluxos diários de POSTAGENS no veículo cibernético. Percebemos na rede, LINGUAGENS alimentadas em torno de uma TEIA de significados e significantes, reunidos de algum modo em UM SÓ LUGAR. Entretanto, percebe-se a construção de outro mundo, PARALELO AO REAL.
Houve uma época em que esse processo se dava de forma diferente. A comunicação ainda se fazia através de máquinas de lambe-lambe, telefones fixos, máquinas de datilografar, reprodução de som em vinil, fitas K7 e VHS, existiam monóculos, máquinas de filmes fotográficos, etc. Usava-se um quarto escuro para revelar filmes, copiar fotos em p&b e posteriormente coloridas. Trabalhava-se minuciosamente em inúmeros rolos de filmes, até que a fotografia pudesse ser ANALISADA e EXPOSTA.
Havia uma certa LENTIDÃO para o click fotográfico ser PENSADO, isso era necessário para manter o EQUILÍBRIO no momento da fotografia. A sensação era de que a máquina tinha capturado algo, embora em determinadas situações somente após a revelação ou cópia do filme fotográfico poderíamos ter certeza do que foi realmente CLICADO.
A Casa Gino era dessa época. Naquele estabelecimento, seus clientes frequentadores poderiam escolher desde pôsteres para quadros de paredes até papéis fotográficos; de bolsas próprias para guardar equipamentos até sua câmera fotográfica preferida; de monóculos a molduras; de porta-retratos a ampliadores; de reveladores e fixadores à própria residência do fotógrafo que lá pintavam fotos encomendadas; dos pequenos flashes aos grandes estúdios. Esse espaço de encontros profissionais e amadores localizava-se no meio do TURBILHÃO da feira e do comércio na Rua São Paulo em Juazeiro do Norte. Os fotógrafos e fotógrafas, assim como qualquer admirador da arte de fotografar, sempre frequentavam a Casa Gino em busca de novidades. A estética da loja dava a sensação que a VIDA DA FOTOGRAFIA ERA OUTRA.
Nessa época e até os dias atuais, reconhecemos que SOMOS frutos da geração CASA GINO e quem algum dia passou por seu estabelecimento entende a fotografia simplesmente por ela SER. Ela é para além de simbólica e virtual, A FOTOGRAFIA É REALIDADE.
Nívia Uchôa
Fotógrafa

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